-- acordar com uma vista dessas... --
-- manhã em Coroico --
-- dormi ao som desse riachinho, que corre atrás do dormitório --
O Inti saiu e ficou surpreso -- e meio encabulado -- de me ver de pé, e se prontificou a preparar o café da manhã. E voltou com um café da manhã simples, muito simples, mas que foi o melhor desjejum de toda a viagem!
-- panquecas, doce de leite, café forte e creme de leite --
Esse café da manhã foi um espetáculo, de verdade. Sério. Enfim... PUTA QUE CAFÉ DA MANHÃ BOM! Mas enfim, tomei esse desjejum -- que tava muito bom, é sério! -- arrumei a mochila na moto, troquei uma ideia com o Inti e a mãe dele sobre a Ruta de la Muerte, me despedi dos outros hóspedes e parti. A gente sai de Coroico, que é meio subindo a montanha, desce até Yolosa, que é um pueblito lá embaixo, anda um pouquinho e de repente...
-- "conserve su izquierda": começou! --
A estrada começa tranquila, descendo um pouco, passando por pequenos riachos que formam umas lagoinhas, umas cascatas, muitas árvores e vegetação tipicamente tropical.
-- até aqui, tudo bem --
-- tem até sombra, olha que loko --
Aí a estrada começa a subir um pouco e você lembra que tá na Cordilheira dos Andes. Eu fiquei encantado com a beleza, mas também diminuí bem a velocidade, porque as curvas fechadas e o abismo começaram a me intimidar.
-- nessa parada eu já comecei a respeitar --
-- sem derrumbes, por favor! --
Mas a natureza intimidante também proporciona paisagens incríveis. É impossível mostrar com fotos ou explicar com palavras. Pilotar uma moto em uma estrada como essa, tão incrustada na natureza, com tucanos dando rasantes sobre a sua cabeça, é uma coisa assim, meio que, um pouco, muito... indescritível.
-- !!! --
-- é lindo, mas olha a largura da estrada... --
-- cara... --
-- pensa num chão escorregadio --
-- olha lá a Helga --
-- e pensar que era cheio de caminhões pra cima e pra baixo... --
Depois as coisas começam a ficar diferentes. A vegetação vai ficando mais rasteira, a montanha já não é tão úmida, os abismos são bem mais intimidantes e as nuvens vão chegando mais perto.
-- chegar perto da beirada pra tirar fotos: nada legal --
-- chegando ao final do passeio --
-- um vilarejo fantasma! --
-- última foto antes de pegar a estrada --
Saí do Camino de la Muerte -- vivo, por sinal -- parei no postinho do tiozinho que abastece de boas, cortei La Paz em meia hora e resolvi que não ia almoçar, tocaria direto pra Copacabana.
-- hasta la vista, La Paz! --
-- Denver, Colorado. mentira, ainda são os arredores de La Paz! --
E de repente apareceu o lago. Cara, mesmo sabendo que é o maior lago da América do Sul, fiquei espantado com o tamanho do bicho.
-- o lago e... mais montanha! --
-- barca em San Pablo de Tiquina para atravessar o lago... --
-- escolhe uma e vai que vai --
-- ué, sozinha? --
-- rumo a San Pedro de Tiquina --
E já do outro lado do lago, depois de pilotar uns 20 ou 30 minutos, enxerguei Copacabana lá embaixo às margens do lago.
-- já tava cansadão --
-- bienvenidos! --
-- um guerreiro inca protege a avenida principal --
Cheguei no Hostel Las Ollas, cujo proprietário -- que eu esqueci o nome -- é gente fina demais. Sujeito simpático, gente boa mesmo. Me mostrou o hostel e o hotel, que são separados mas juntos, um negócio muito loko mesmo, difícil explicar. Mas é muito bonito, de frente pro lago, uma vista incrível. E eles têm umas alpacas que ficam pastando ali no hostel, eu dei trigo pra elas comerem, foi muito da hora.
-- o anoitecer visto do meu quarto --
-- o quarto --
-- vista da cama --
-- o lavabo --
-- a lareira --
-- as alpacas --
Foi a melhor hospedagem da viagem, com certeza. E a ducha deles foi a única que ganhou da ducha em Coroico. Paguei um pouco mais caro: enquanto a média da viagem foi de 12 dólares por pernoite, aqui eu paguei 30 dólares [lembrando que, na época, o dólar tava R$ 2,50]. Subi ao restaurante, tomei um caldo de abóbora com carne seca [bem brasileiro, né?], tomei um suco de limão e voltei pro quarto pra dormir no calorzinho da lareira, repensando este que foi um dos melhores dias desta viagem.